Especialistas tiram dúvidas sobre orgasmo, excitação, desejo sexual e outros temas
Desejo e sexo são temas que sempre interessam, mas muitas vezes causam dúvidas e receios. Ainda mais quando o assunto que vem a baila é a libido feminina, parece que o tema fica ainda mais nebuloso: nem mesmo algumas mulheres sabem sobre seu próprio desejo sexual. "Muitas não conhecem o próprio desejo, não sabem os caminhos para descobri-lo e estimulá-lo e muito menos não conseguem dividir esta dificuldade com o parceiro", considera a psicóloga Juliana Bonetti, especializada em sexologia. O resultado: diversos mitos sobre o assunto e muita dificuldade de algumas mulheres conseguirem encontrar prazer na sua vida sexual! Para ajudar, perguntamos a dois especialistas sobre alguns desses mitos sobre o prazer feminino. Confira a seguir se você sabe mesmo a resposta para todos.
Toda mulher tem problemas de libido?
Para nossos especialistas, poucas pessoas ainda acreditam nessa afirmação, que realmente é um mito. Mas isso não significa que muitas mulheres não sofram com esse problema. "O aspecto social tem influencia muito grande sobre a sexualidade de todos e a mulher muitas vezes ainda tem que fingir que não gosta de sexo", considera o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr., professor e médico do ambulatório de sexologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, muitas mulheres podem apresentar problemas de libido esporadicamente, por exemplo logo após a gravidez e na menopausa. "Mesmo as mulheres mais bem resolvidas com relação a isto, podem passar por períodos de queda de desejo", pondera a psicóloga Juliana Bonetti, especializada em sexologia. Veja aqui os fatores que podem interferir na libido feminina.
O homem sempre gostará mais de sexo do que a mulher?
Esse é um mito, mas com razão de ocorrer. Biologicamente a substância ligada ao desejo sexual é a testosterona, também conhecida como hormônio masculino, já que o homem a apresenta em quantidade cerca de vinte vezes maior do que a mulher. Tanto que Mendes Jr. pontual que muitas mulheres mais proativas podem ter mais desse hormônio circulando pelo corpo.
Mas para os especialistas o fator social tem um peso muito maior nesse ponto
também. "Historicamente apenas os homens tinham permissão para viverem a própria
sexualidade, pois isso eles expressam melhor seu desejo, mas isto não significa
que eles gostem mais de sexo", atesta a psicóloga Juliana. Além disso, os homens
muitas vezes se sentem mal quando a parceira demonstra um maior "apetite" sexual
do que eles, pois têm medo de não satisfazê-las. Tudo isso leva as mulheres a
mostrarem menos esse seu lado.
A mulher pode perder ou conquistar a excitação durante o sexo?
Verdade! Enquanto os homens tem uma progressão mais linear durante o sexo, a
mulher está mais suscetível a perder ou até mesmo conquistar a excitação a
qualquer momento durante o ato. "A mulher precisa ter desejo e estimulação em
qualidade e quantidade suficiente para excitar-se e obter o orgasmo", considera
Juliana. Para o ginecologista e sexual Mendes Jr., nesse aspecto é importante
que o parceiro não pense apenas nos órgãos genitais e invistam em estímulos em
outras zonas erógenas do corpo feminino, que variam em cada mulher.
Masturbar-se com ou sem vibradores pode atrapalhar o prazer com o parceiro?
Eis um grande mito. Conhecer seu corpo é a melhor forma da mulher sentir mais
prazer durante o sexo também. "A mulher que se toca é aquela que se conhece, que
sabe como fazer para obter satisfação sexual", expõe a psicóloga Juliana. Mas,
normalmente, esse tipo de mito se cria porque há um tabu em torno masturbação
feminina. "Desde criança a menina é proibida de tocar o próprio clitóris",
considera Mendes Jr.
É claro que masturbar-se tem suas vantagens: "o vibrador segue o desejo da
mulher e sempre será usado quando ela sentir necessidade, não tem as vontades e
às vezes o egoísmo do parceiro", compara o sexólogo e ginecologista. Mas ele
mesmo pondera: "porém, nada substitui a troca que o sexo proporciona".
A maior parte das mulheres não atinge o orgasmo vaginal?
Verdade. Mendes Jr. define que o maior órgão sexual da mulher não é a vagina e
sim o clitóris. "Nele está a maior parte dos nervos e ele acaba sendo o gatilho
de todas as sensações de prazer", explica o especialista. É claro que é possível
sentir excitação e até se chegar ao orgasmo com o estímulo de outras partes do
corpo. "Mas normalmente é no clitóris que tudo se deflagra", completa Mendes Jr.
Na realidade existe apenas um orgasmo, que pode ser atingido de diversas formas.
"No entanto para obtê-lo algumas mulheres precisam de estimulação direta no
clitóris e outras conseguem pela estimulação indireta do clitóris devido ao
movimento da penetração", explica Juliana. O mais importante é que atingir
apenas através da estimulação direta não tem mais ou menos valor, e cada
mulheres precisa aceitar sua individualidade nesse aspecto.
A fase em que as mulheres têm maior desejo sexual é aos 30 anos?
Depende. A casa dos 30 anos é muitas vezes chamada de "idade da loba", e dizem
ser a época do auge sexual feminino. Isso foi estabelecido a partir de um estudo
de 1956, mas continua sendo repetido até hoje. A ideia principal é que nessa
faixa etária a mulher já teria tido filhos, saído de algum relacionamento mais
longo e estaria mais amadurecida com a própria sexualidade. "Provavelmente dizem
isto porque aos 30 elas ainda possuem vigor físico e ao mesmo tempo maturidade
suficiente para se desprender de questões que impossibilitam uma vivência sexual
satisfatória", considera Juliana.
De fato, a experiência ajuda as mulheres a terem mais prazer sexual. "Aos vinte
anos o emocional e a descoberta ainda são mais preponderantes na relação da
mulher com o sexo, ela ainda está experimentando e vendo do que gosta e do que
não gosta", considera Mendes Jr. Porém, o mais importante de se ressaltar é que
isso nem sempre é válido, e mesmo depois dos 30 anos é possível ter uma vida
sexual plena e satisfatória.
A mulher tem maior facilidade para ter orgasmos múltiplos?
Verdade! Para os homens, ter orgasmos múltiplos é mais difícil, já que a cada
ereção eles precisam de muita energia e depois disso é preciso ter um descanso,
chamado de período refratário. No caso das mulheres, esse período acaba sendo
mais curto. "Toda mulher tem o potencial para ter um orgasmo múltiplo, se for
bem estimulada e se entregar totalmente ao ato", considera o sexólogo e
ginecologista Mendes Jr. Porém, apenas 10% das mulheres já conseguiu ter mais de
um orgasmo de uma vez.
É verdade que o orgasmo da mulher é mais longo e forte?
Não é possível determinar esse tipo de comparação. "Não tem como afirmar se o
orgasmo da mulher é mais poderoso que o do homem, mesmo porque esta é uma
sensação subjetiva", considera a psicóloga Juliana. Para Mendes Jr., o orgasmo é
uma coisa só, uma sensação para a espécie humana, e talvez a diferença esteja em
como cada um reage a essa sensação.
Fonte: Minhavida
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